Randy Gregory é estudante da Escola de Artes Visuais de Manhattan e como parte de um trabalho acadêmico criou o projeto “100 formas para melhorar o metro de Nova York”. Durante 100 dias criou 100 propostas que, em sua opinião, melhorariam a experiência dos usuários e ajudariam a solucionar problemas que se repetem em mais de 400 estações e 27 linhas de metro de Nova York, o mais extenso dos Estados Unidos.
Cada ideia surgiu a partir de dezenas de viagens em que Gregory observou o acesso e movimento dos passageiros nas estações e nos trens, os aspectos técnicos das viagens, a arte nas estações a sinalização e as medidas de segurança.
Até o momento, seu projeto foi divulgado em vários blogs, atraindo o interesse de outros cidadãos que se comunicaram com Gregory para desenvolver novas ideias.
A seguir, 22 das propostas de Gregory.
1. Iluminação zenital
A fim de tornar mais agradável a espera das pessoas que se sentem incomodadas em uma estação subterrânea, Gregory propõe que nos tetos das plataformas sejam instaladas claraboias. Isto porque acredita que “o fato de estarmos em baixo da terra, não significa que temos que nos sentir dentro de uma cova”. Desta forma, as pessoas receberiam luz natural durante o dia e poderiam saber como está o tempo do lado de fora.
2. Sinalização para portadores de necessidades especiais
As placas indicativas para cadeirantes que existem nas plataforma não são muito uteis quando há pouca luz e como estão a vários metros do chão, não se distinguem da cor do teto das estações. Por esta razão, Gregory considera iluminar a mensagem das placas, para que contrastem com um fundo azul. No caso dos passageiros daltônicos, estes poderiam reconhecer a sinalização pelo brilho da luz. A segunda ideia neste sentido consiste em colocar um foco que ilumine diretamente as placas e mantenha a cor cinza do fundo.
3. Destacar a área de embarque
Como consequência dos letreiros para portadores de necessidades especiais estarem colocados a vários metros do chão, nem sempre são vistos nem respeitados como zonas únicas onde apenas eles podem esperar para subir no trem. É por isto que Gregory propõe pintar no chão uma cadeira de rodas para que os demais respeitem esse espaço e seja mais seguro para cadeirantes esperarem nestes pontos.
Durante seu trabalho, o estudante se deu conta que a grande maioria das áreas de espera para portadores de necessidades especiais estão próximas a escadas rolantes, o que gera um espaço inseguro para eles, já que ficam no meio do trânsito das demais pessoas.
4. Cadeiras anti-bactérias
O metro de Nova York foi inaugurado em 1904 e sua idade é percebida nas clássicas cadeiras de madeira de suas estações. Estas não são fáceis de limpar e, segundo Gregory, acumulam bactérias. Se estes assentos fossem trocados por outros que sejam antimicrobianos, como os que defende o aluno, melhoraria a higiene das estações. Além disto, seria um bom lugar para as marcas relacionadas a produtos de limpeza, onde poderiam instalar publicidade nos bancos.
5. Pontos cardeais
É muito comum que as pessoas se desorientem ao sair na rua depois de uma grande viagem pelas estações subterrâneas do metro. Se fossem pintadas rosas dos ventos com os pontos cardeais no piso nas saídas das estações, este problema seria solucionado.
6. Posicionamento nas escadas rolantes
Esta ideia foi promovida recentemente em metros de outras cidades mundo afora e também foi considerada por Gregory. É bastante simples e consiste que uma pessoa que tem pressa circule pelo lado esquerdo da escada rolante e a pessoa que sobe sem caminhar o faça pelo lado direito. Para lembrar esta norma, ele incluiu uns adesivos nos degraus como mostra a imagem acima.
7. Temporizadores nas portas
Uma situação bastante comum é que as pessoas sejam golpeadas pelas portas pois embarcam no vagão no momento que as portas estão fechando, atrasando o funcionamento dos outros trens. Afim de evitar que este fato continue acontecendo, Gregory sugere colocar temporizadores nas portas que indique em contagem regressiva os 30 segundos antes das portas se fecharem.
8. Wi-fi nos trens
A vantagem que tem as pessoas que se movem no metro ou nos ônibus em comparação aquelas que vão de carro particular, é que podem aproveitar o tempo para fazer outra coisa, como ler ou falar no telefone. Portanto, o ideal seria que, para otimizar ainda mais o tempo dos passageiros e incentivar o transporte público, fossem instalados pontos wi-fi no interior dos trens.
9. Marcador de trem digital
Durante os trajetos, e sobretudo quando os trens estão lotados, é difícil que as pessoas possam ver em que estação estão e muitas vezes acontece dos passageiros perderem a estação onde desceriam. Frente a isto, Gregory acredita que seria útil instalar um mapa digital que mostre a localização de cada metro nas linhas em tempo real.
10. Guia dos bairros
Uma tela tátil interativa nas estações próximas aos bairros típicos ou com forte apelo turístico que mostre os lugares recomendados é uma ideia que ajudaria a revalorizar diferentes setores de uma cidade e a conhecer o que se pode encontrar neles. Cafeterias, museus, parques, restaurantes e lojas poderiam ser facilmente encontradas, já que o mapa os teria cadastrados em georreferenciamento.
11. Densidade dos trens
Para evitar deixar passar vários trens que vêm cheios de outras estações, Gregory criou um sistema que reconhece a distribuição dos passageiros nos vagões, segundo o peso que eles apresentam. Assim, cada pessoa poderia ver numa tela a densidade do metro que vai chegar na estação e que em vermelho marcaria os pontos mais cheios, e em branco, os vazios. Com este sistema as pessoas saberiam em que parte da plataforma é melhor esperar.
12. “Academia Urbana”
Subir, baixar e caminhar nas escadarias e corredores das estações é igual a fazer exercício. Além disto, Gregory pensa que esta “academia urbana” poderia ser aproveitada mais se fossem instalados cartazes que indiquem quantas calorias são queimadas ao optar por uma escada ao invés de um elevador.
13. Textura nas barras metálicas
No caso do metro frear bruscamente, é provável que as pessoas soltem as barras de metal. Por isso, Gregory propôs que as barras sejam cobertas por adesivos com texturas anti derrapantes.
14. Filtros de ar HEPA
Este tipo de filtros se caracteriza por não deixar entrar as partículas contaminadas do ar, pois as capta com várias camadas que estão em constante movimento. Por esta razão, Gregory acredita que seria uma boa ideia instalá-los nos vagões do metro de Nova York para ajudar os passageiros a se sentirem melhor nas épocas de alergias e gripes.
15. Racks para bicicletas
Desde janeiro deste ano, os passageiros do Metro da cidade chilena de Valparaíso (Merval) podem subir com suas bicicletas aos sábados, domingos e feriados. Em Nova York, não existe sequer esta opção. Para mudar isto, e tornar mais cômodas as viagens dos ciclistas no metro, Gregory propõe que dentro dos vagões sejam destinados espaços exclusivos para as bicicletas.
16. Painéis solares
Nas estações externas do metro de Nova York, Gregory propõe que se instalem painéis solares que ajudarão a reduzir o gasto energético do sistema. Ele também acredita que esta energia poderia ser vendida pela Autoridade Metropolitana de Transportes (MTA, em inglês) de Nova York.
17. Mensagens de cortesia
Quando Gregory pensou nesta ideia, tomou como exemplo o que ocorre em São Francisco, onde já é permitido que as pessoas idosas ou os portadores de necessidades especiais utilizem os assentos dianteiros dos ônibus, o que Gregory acredita é que isso também poderia acontecer no metro de NY. Se fosse implementado esse sistema, sua proposta consiste em instalar mensagens que relembrem o assunto.
18. Vegetação nas estações
Para aproximar a natureza das pessoas e dar mais vida às estações, Gregory propõe que nos corredores sejam instaladas paredes verdes. Assim as pessoas também esqueceriam que estão numa estação subterrânea e se sentiriam mais seguras.
19. Melhorar as luzes dos trens
Numa de suas muitas viagens, Gregory teve a possibilidade de viajar na parte dianteira de um trem do metro. A partir daí teve a mesma perspectiva que o condutor e foi assim como se deu conta que as luzes não iluminam uma grande distância e que em consequência, não ajudam a frear a tempo no caso de algum animal ou pessoa cruzar as vias. É por esta razão que ele sugere que os trens incorporem luzes LED direcionadas.
20. Sensores nas plataformas
Ainda que as bordas das plataformas existam linhas que por segurança não é permitido cruzar, muitas vezes isto ocorre, sobretudo quando tem muita gente nas plataformas. Para evitar que isto se repita, o projeto inclui a instalação de sensores que iluminariam de vermelho as linhas quando uma pessoa pise nelas. Desta forma, os guardas das estações poderiam evitar acidentes.
21. Letreiros informativos nos vagões
Como no metro as pessoas viajam concentradas em seus celulares ou em seus livros, é comum que não escutem as mensagens que saem dos autos falantes. Com esta simples ideia que consiste em instalar letreiros que publiquem o mesmo que as mensagens de áudio, os passageiros se informariam de qualquer problema e poderiam trocar de rota durante a viagem.
22. A história das estações
Este ano o metro de Nova York completa 109 anos, o que o torna um dos principais testemunhos de como mudou a cidade. As mais de 400 estações localizadas em diversos distritos tem uma historia a contar e isto é o que propõe Gregory. Por isso, sugere que sejam instalados painéis em cada estação que expliquem como se construiu cada uma delas, o que havia no lugar e que ainda apareçam as primeiras fotos de cada estação.
Por Constanza Martínez Gaete, via Plataforma Urbana. Tradução Gabriel Pedrotti, ArchDaily Brasil.